Depois do último jogo para a Liga Portuguesa, é tempo de analisar a época do Sporting.
✍ Do ponto de vista dos objectivos desportivos no futebol, é claro que ficámos aquém do esperado.
Se é verdade que qualquer adepto quer ganhar tudo o que é possível, a derrota na final da Taça da Liga contra outro "grande" e a eliminação, com algum azar e injustiça à mistura, nos quartos de final da Liga Europa, são "admissíveis", ou seja, não colocam em causa a prestação da época.
✍ Já a eliminação absolutamente precoce na Taça de Portugal, contra um Varzim da Liga 3 que teve de ir à 2º Fase, deixa a desejar, bem como o 4º lugar no campeonato.
A consequência mais clara é a não ida à Liga dos Campeões, e tudo o que isso implica em termos financeiros. E, não fosse a final da Taça de Portugal ser disputada entre o SC Braga e o FC Porto, o nosso destino seria pior em termos europeus.
✍ Não creio que haja um sportinguista contente com o presente momento (falo aqui do futebol sénior masculino, não me vou debruçar sobre as modalidades ou os outros escalões).
No entanto, parece-me que, pior do que o presente momento, é o contraste da actual situação com o facto de, há duas épocas atrás, termos sido campeões nacionais.
Mesmo na época passada estivemos perto de levantar o troféu (e lembrando o inesquecível pisão de Taremi a Coates que mais tarde levou à expulsão do central sportinguista), fizemos os mesmos 85 pontos do ano do título e tivemos apenas mais 3 golos sofridos.
O que me parece é que tinhamos tudo para limar algumas arestas e retomarmos o caminho que almejamos. Ora, de lá para cá, a meu ver, deitamos por terra uma oportunidade de ouro que, espero eu, não esteja perdida para mais outros 15 ou 20 anos.
✍ Se sabemos que é preciso vender jogadores, não é menos verdade que é preciso jogar bem, ganhar títulos e, principalmente, ir à Liga dos Campeões, para valorizar esses mesmos jogadores no mercado. Sobre as razões e os horizontes, Frederico Varandas e Hugo Viana sabê-lo-ão melhor do que eu, mas, pessoalmente, não gostei do que aconteceu em termos de entradas e saídas no plantel do Sporting.
As saídas de Palhinha e Matheus Nunes, aliadas à infeliz lesão de Daniel Bragança (que venha a ser o jogador do campeonato 2023/2024!), bem como a não entrada de um verdadeiro ponta de lança, tinham muito para correr mal. A isto, juntou-se ainda depois a venda de Pedro Porro.
Sotiris chegou 11 dias depois de Matheus, mas nunca foi opção viável. Tanlongo veio no mercado de inverno, mas o mesmo se aplica.
✍ Antes de falar de Rúben Amorim, importa dizer outra coisa a respeito do actual presidente do clube.
Se F. Varandas fez bem em tomar posição contra as claques, deve compreender o peso destas. Pouco importa a situação pessoal dos elementos das claques e o que se possa achar das mesmas, porque elas existem e estão ali, tal como muitos de nós.
O importante aqui é que o Sporting e a massa adepta devem querer o melhor ambiente possível, dentro e fora do estádio. E esta rixa é claramente disruptiva a essa harmonia.
Nem toda a responsabilidade cabe ao presidente do Sporting, mas este também não é desprovido de meios para se aproximar de outra resolução para o problema.
📣 Chegamos então ao treinador.
Confesso que estou dividido em relação à minha opinião sobre a sua continuidade.
Em primeiro lugar, não importa para esta questão a conquista do campeonato nacional. O que importa é o futuro do Sporting. E se não é o treinador o responsável pelas vendas referidas, é ele o responsável pelas escolhas que faz dentro das possibilidades que tem.Creio que R. Amorim ainda pode dar muito ao Sporting, mas resta saber se o fará em tempo útil e a custo de quê.
✍ Já falámos aqui de Tanlongo e de Sotiris, mas, para além destes, coube a Dário Essugo e a Mateus Fernandes substituir de vez em quando os homens do meio campo leonino.Mateus Fernandes jogou menos de 90 minutos no campeonato, ou seja, claramente não conta (pelo menos ainda) como alternativa. Entrou num jogo da Liga dos Campeões em casa do Tottenham, sendo que não foi capaz de aguentar o meio campo.
O caso de Essugo é ainda mais flagrante. Em 2023 jogou quatro vezes pela equipa principal. Arsenal, Juventus, Benfica, Vizela, sendo que o último adversário não conta para o argumento, pois foi na última jornada do campeonato. Em nada critico aqui estes dois jogadores. Mas se vejo um jogador de 18 anos, que precisa de ganhar entrosamento, a jogar apenas nestes jogos de elevada dificuldade, eu critico o treinador.
✍ Critico igualmente a sistemática utilização, sob qualquer circunstância, da mesma táctica, em 3 anos de futebol, com excepção para os desesperados minutos finais em que Coates é colocado na frente do terreno.
Essa opção de desespero revela bem que o nosso poder de fogo pode e deve ser aumentado.
Paulinho não é um bom ponta de lança, apesar de achar que é trabalhador e pode funcionar bem como avançado. Se Chermiti o será, é preciso dar tempo ao tempo, mas não podemos ficar à espera desse tempo.
Precisamos de um verdadeiro ponta de lança para ontem, e se penso que a própria equipa técnica está ciente desse facto, acho inacreditável não estarem cientes desse facto desde o próprio ano em que fomos campeões, com 65 golos.
✍ De igual modo, não podemos, como li ainda hoje, deixar Bellerín sair sem contratar um lateral direito que seja titular como Porro o era, apenas porque R. Esgaio tem subido de nível (efectivamente, há que admitir que subiu de nível ultimamente).
Para decidir bem sobre R. Amorim, creio que precisamos, no mínimo dos mínimos e sem espinhas, de um ponta de lança, de um lateral direito e de um médio centro.
✍ Como os adeptos querem tudo mas decidem pouco, resta-me ficar à espera dos desenvolvimentos. No entanto, deixo no ar estas questões: qual é então o derradeiro ano de R. Amorim? O que se avizinha, ou este que agora finda?
Qual seria o momento ideal para melhor avaliar se a sua continuidade é benéfica ou não ao Sporting? Agora? Consoante a construção do plantel e definição dos objectivos? No final da próxima época?
Viva o Sporting Clube de Portugal